31 de mar. de 2013

Domingo de Páscoa (A/B/C)

A VIDA VENCE A MORTE.
PÁSCOA: O RESSUSCITADO EM NOSSA VIDA


Conforme o evangelho da missa da tarde, os discípulos de Emaús estavam desanimados. Tinham pensado que Jesus era o Messias revolucionário, que expulsasse o poder romano.  Mas foi morto. Passaram três dias, e nada aconteceu. Desistiram de esperar. Não se lembravam de que na Bíblia está escrito:

“Depois de dois dias nos fará rever,
no terceiro dia nos levantará”
(Oséias 6,2)

Mais ainda lhes falou o gesto do repartir o pão. Tantas vezes Jesus lhes tinha partido o pão, à maneira de um pai de família que o distribuiu a seus filhos. Tinha feito disso o sinal da partilha de sua própria vida, na Última Ceia. Agora, reconheceram-no ao partir o pão. Então, ele retirou-se da vista deles, mas não abandonou seus corações.

A memória de Jesus, na Palavra e na Eucaristia, ensina-nos que Ele vive conosco. Ele é o centro de nossa Vida. Temos que relacionar tudo com Ele, enxergar tudo à luz que venceu as trevas. A vida que venceu a morte, a graça que superou a desgraça e o pecado. Isso é vivenciar a ressurreição de Cristo em nossa própria vida.

“Procurar as coisas do alto, onde Cristo
está sentado à direita de Deus”
(2° leitura)

A nossa vida velha e abatida morreu, temos uma vida nova escondida lá com Ele. Isso transforma nosso modo de viver. Mesmo se exteriormente andamos envolvidos com as lidas e lutas desta sociedade injusta, interiormente já não nos deixamos vencer por elas. Após uns pequenos três dias, experimentamos a presença daquele que venceu a morte. Por isso, vamos viver de cabeça erguida, os olhos fixos em nossa verdadeira vida, que está Nele. Se o pecado nos abate, vamos abrir-nos na comunidade, no sacramento. Se a injustiça nos faz morrer, vamos unir-nos em comunidade em torno a Cristo. Isto é Páscoa, nossa ressurreição com Cristo.
Pe. João Azeredo

30 de mar. de 2013

Vigília Pascal (A/B/C) - 2ª parte




As mulheres constituem o elo entre o sepulcro vazio e as aparições que revelam o sentido deste. Elas devem lembrar-se de que Jesus já anunciou estes fatos durante seu ensinamento na Galiléia, e recordariam isso aos discípulos (cf. Marcos 8,31 Lucas 9,22). O que ficará claro pelo ensinamento do Ressuscitado, é o cumprimento das Escrituras na sua morte e ressurreição. Ele mesmo já tentou mostrar (mas não conseguiu) aos discípulos qual era o caminho que ele devia trilhar, o caminho do Servo Padecente, que será reerguido por Deus, depois de ter sido obediente (isto é, unido ao Pai) até a morte e assumindo o desamor dos homens. Este é o ensinamento que o anjo lembra às mulheres, e estas aos discípulos. Mas não é o suficiente para que eles cheguem à compreensão da fé.

Será que a mera narração dos fatos pascais, mesmo ilustrada pelos argumentos do próprio Jesus históricos, é insuficiente para chegar à fé?

Pelo menos, no caso dos discípulos, com exceção de Pedro e das mulheres, foi. Era preciso o próprio Cristo glorioso se manifestar a eles, para que acreditassem e reconhecessem o plano de Deus. A fé na ressurreição é uma graça do Cristo, uma eleição para sermos as testemunhas de que seu caminho é o caminho da glória. Todos nós conhecemos pessoas ótimas, a quem a narração destes fatos não diz nada. Isso não é nenhuma razão para nos afastar delas. Se são pessoas de boa vontade, Deus se manifestará a elas por caminhos que nós não conhecemos. Mas isso não nos dispensa de testemunhar que “o Filho do Homem devia ser entregue nas mãos dos pecadores e ser crucificado e ressuscitar ao terceiro dia.”
Pe.João Azeredo

Vigília Pascal (A/B/C) - 1ª parte


TESTEMUNHAR O INCRÍVEL 
(C) 


Tudo como no ano A, exceto o Evangelho (Lucas 24, 1-12)

“O Filho do Homem devia
ressuscitar no terceiro dia”.

O evangelho de Lucas traz mais aparições pós-pascais do que os outros, e elas servem exatamente para que Jesus abra os olhos aos discípulos desanimados e incrédulos, explicando-lhes as Escrituras a seu respeito (Lucas 24,27; 24,45; cf. Atos 1,3). Os mensageiros lembram às mulheres que Jesus predisse o cumprimento das Escrituras com sua paixão e morte. Mas quando elas voltam e narram isso aos discípulos, estes não acreditam (24,11). Apenas Pedro, vai constatar o fato do sepulcro vazio (ele é o apoio que sustenta a fé de seus irmãos (cf. Lucas 22,31-34).

Os eventos pascais nos são transmitidos em duas categorias de testemunhos: o testemunho a respeito do sepulcro vazio e o das aparições. Este último é o mais antigo, e o único mencionado na tradição de Paulo a respeito do querigma cristão (1Coríntios 15,3 ss), primeira expressão escrita do evento pascal. O testemunho transmitido por Paulo corresponde essencialmente ao de Lucas (24,13ss), sobre as aparições de Jesus aos apóstolos e aos outros discípulos.

Lucas narra o outro elemento, o sepulcro vazio (Evangelho) destacado por Marcos (cf. ano B), de modo a preparar as aparições em que Jesus explicará o que as Escrituras disseram a seu respeito, tanto no que concerne à sua paixão e morte, quanto à sua ressurreição. O sepulcro vazio não fala por si. É um indício negativo, que precisa ser completado pela palavra, e esta consiste essencialmente no reconhecimento do plano de Deus naquilo que aconteceu a Ele (cf. João 2,22; 12,16).
Pe.João Azeredo

29 de mar. de 2013

Sexta-feira Santa (A/B/C) - 2ª parte


Inclinado a substantificar a natureza divina de Cristo, desconsiderando encarnação em verdadeira existência humana. Esta cristologia da “quenose” (despojamento), comentário da missa do dia de Natal, e da verdadeira humanidade de Jesus, é pressuposta para compreender a cristologia da glória, no relato da Paixão de Jesus segundo João (evangelho). João mostra o sofrimento do Cristo fortemente à luz da fé pós pascal. Mas nem por isso nega a dimensão trágica da experiência humana de Jesus. Antes, a supõe e a coloca na luz de sua glória divina.

Tal procedimento não teria sentido se a gente não estivesse profundamente convencido da realidade do abismo do sofrimento pelo qual Ele passou. Pois é neste abismo que se realiza a revelação da glória de Deus, que é amor incomensurável. Assim, merece especial atenção nesta narração, a majestade de Jesus na hora de sua prisão, a ironia como “rei dos judeus” (declarado por Pilatos formalmente), o sentido do Reino de Jesus e a cena de sua morte (fonte de Espírito e Vida).

Cristo da Paixão, segundo João, é parecido com aquele Cristo vestido de traje sacerdotal ou real, coroado do diadema imperial, que os artistas do começo da Idade Média colocavam na cruz. É a visão teológica da Cruz Gloriosa que domina a segunda parte da celebração da Sexta-feira Santa, a adoração da cruz. Há  alternância da lamentação do Cristo rejeitado com a aclamação de sua glória (Hágios ho Théos).


Entre as leituras e a Veneração da Cruz gloriosa, pronunciam-se as grandes preces da Igreja, modelo das preces dos fiéis em nossas liturgias. Este rito também se inspira na ideia de que a Cruz é a fonte da graça de Deus, na vida da Igreja.

Do lado aberto do Salvador nasce a Igreja.

A terceira parte da liturgia é o despojado rito de comunhão com o Senhor que nos amou até o fim. Este rito estabelece a unidade da presente celebração com a de ontem, consumindo-se hoje as Santas Espécies consagradas ontem (chamadas “pré-consagradas”). A benção final tem um texto próprio, evocando a perspectiva da Ressurreição.
Pe.João Azeredo

Sexta-feira Santa (A/B/C) - 1ª parte

A CRUZ GLORIOSA

Durante o TRÍDUO SACRO, a liturgia segue os passos no tempo da Quaresma. O Tríduo Sacro é um grande drama, uma grande encenação do sofrimento do Senhor. Por isso, tendo representado a Instituição da Ceia na tarde da quinta-feira, a liturgia não voltará a celebrar a Eucaristia até a noite pascal, assim como Jesus não voltou a celebrá-la até que celebrasse no Reino de Deus (Mateus 26,29 e par). Assim, no dia em que o sacrifício de Cristo está mais central do que nunca, a liturgia não celebra o sacrifício na Missa, mas uma evocação de sua morte que não deixa de estar em íntima união com a missa de Quinta-feira Santa, já que o pão consagrado ontem é consumido hoje.


A liturgia nos faz sentir o significado do sofrimento de Cristo, e as duas leituras que preparam a leitura do evangelho são fundamentais para contemplarmos este mistério.

A 1° leitura apresenta o 4° canto do Servo de Deus (Isaias 52 13-53, 12). Neste texto, a jovem Igreja encontrou o fio escondido que a existência de Jesus revelou e levou ao fim, a doação da vida do justo pela salvação dos irmãos, mesmo dos que O rejeitaram. Como diz a 2° leitura (Hebreus 4 e 5), Jesus participou em tudo de nossa condição humana, menos do pecado. Sua existência não foi alheia à nossa, como a de um anjo. Jesus teve de descobrir continuamente o sentido de sua existência, embora a vivesse de um modo divino em contínua união com o Pai. Assim, formado na escola da piedade judaica, ele conheceu a tradição que considerava a salvação como fruto do sofrimento redentor.

Mas esta não era a teologia dominante do judaísmo farisaico, que esperava a salvação a partir das instituições, da observância legalista, de algum messias político... Jesus, ao contrário, reconheceu na sua experiência íntima com Deus, a experiência com os “pobres de Deus”, do profeta rejeitado, e do justo sacrificado pelos seus irmãos. Em obediência, Ele assumiu o projeto do Pai até o fim. É isso que nos ensinam as duas primeiras leituras, com suas expressões humanas e existenciais, que sacodem o nosso cristianismo monofisista (10):

“Pedidos e súplicas... veemente clamor e lágrimas... embora fosse Filho, aprendeu a obediência pelo sofrimento” (Hebreus 5,7-8).
Pe.João Azeredo

28 de mar. de 2013

Quinta-Feira Santa (A/B/C) - Última Ceia - 4ª parte


A CEIA PASCAL

Se a Última Ceia de Jesus foi a Ceia da Páscoa, como dizem os três primeiros evangelistas, por que a Igreja a celebra antes da Páscoa?

É que a páscoa judaica não cai no mesmo dia que a nossa. A páscoa judaica pode cair em qualquer dia da semana, conforme a posição da lua. Assim, na Quinta-feira Santa, Jesus consumiu com os discípulos a páscoa judaica (1° leitura). Nesta ocasião, instituiu a Ceia Eucarística, em memória de sua morte (2° leitura). E no início dessa refeição, lavou os pés de seus discípulos em sinal e exemplo do dom da própria vida (evangelho).

Aliás, o evangelista João nem menciona o momento da Eucaristia, porque a Eucaristia significa comunhão com Jesus, e esta comunhão se expressa maravilhosamente pelo gesto do lava-pés: 

Deixar-se lavar por Jesus, e aceitar que Ele seja nosso servo. Servo que não só lava nossos pés, mas dá sua vida por nós. Por isso, queremos servir aos nossos irmãos... O lava-pés é a Eucaristia na vida!

Segundo os primeiros evangelistas, a Última Ceia foi a ceia da páscoa judaica, que comemorava o êxodo dos hebreus do Egito, terra de escravidão. Jesus quis celebrar essa ceia, mas ao mesmo tempo a transformou, colocando-se livremente como escravos de seus irmãos! E fez disso sua “passagem” para junto de Deus! Ora, esta passagem de Jesus se manifesta na ressurreição. Para nós cristãos, manifesta-se no terceiro dia a partir de hoje, a data de nova Páscoa, em que celebramos a nossa libertação.

Hoje celebramos Jesus na imagem do cordeiro pascal do Antigo testamento, cujo sangue preservou os hebreus do castigo que Deus fez descer sobre os egípcios, para que deixassem ir os israelitas. Já não celebramos a páscoa na data judaica, pois Jesus transformou-lhe o sentido. Continuamos celebrando o nosso Cordeiro pascal, cujo sangue nos salva. Este, porém, não foi sacrificado como um animal sem inteligência, mas porque quis livremente servir-nos no amor até o fim.

Pe.João Azeredo

Quinta-Feira Santa (A/B/C) - Última Ceia - 3ª parte

O LAVA-PÉS, EXEMPLO DE JESUS


“Ensina-me a amar”

Não sabemos amar, muito menos amar até o fim. Quem no-los ensina é Jesus. “Antes da Páscoa... amou-os até o fim... Eu dei o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu vos fiz ” (Jo 13,1-15 Evangelho).

João,  nos situa hoje no contexto da páscoa. Para os judeus, a ceia pascal é a principal celebração da memória de sua história, de sua identidade. Eles comemoram a passagem do Senhor, que os libertou da escravidão e fez deles um povo (1° leitura). Jesus, celebrando a páscoa com os doze discípulos, fez da páscoa o memorial de sua passagem, missão da parte de Deus, e da volta ao Pai. Através do dom da vida na cruz, Ele fez da páscoa o memorial de seu amor até o fim.

Paulo nos transmite a tradição geral da Igreja a respeito da Ceia do Senhor: A eucaristia do pão e do vinho, corpo e sangue (2° leitura). João, narra no evangelho um fato particular. Antes de iniciar a ceia, Jesus lava os pés dos discípulos. Um gesto de hospitalidade, carinho, mas sobretudo um serviço de escravo (pois não era o dono da casa quem fazia isso...). Depois, ele explica: 

“Eu vos dei o exemplo...” Devemos lavar os pés uns dos outros, isto é, servir uns aos outros em caridade e humildade.

Jesus disse mais ao tomar a atitude de escravo, apontando para sua morte na cruz. Demonstrou que a cruz é o verdadeiro “serviço de escravo” que nos presta, e que nos liberta. Não podemos recusar esse serviço.

Não devemos ter medo de nos comprometer com quem morre por amor a nós!

Jesus lavou os pés dos discípulos para lhes dar um exemplo de serviço na humildade, e do amor radical que O levou a dar a vida por eles.

Também devemos servir uns aos outros, e dar nossa vida pelos irmãos. Para isso, não basta lavar os pés na cerimônia (pés que já foram bem lavados). Trata-se de tornarmo-nos escravos daqueles que trataríamos como escravos. É uma subversão. Se levarmos isso a sério, transformar-se-ão até as estruturas de nossa sociedade.

Pe.João Azeredo

Quinta-Feira Santa (A/B/C) - Última Ceia - 2ª parte


A 2° leitura nos apresenta o mais antigo testemunho da celebração eucarística, transmitida pelo apóstolo Paulo:


O corpo e sangue de Jesus dado por nós (8).

As palavras “corpo” (ou “carne” cf. Jo 6,5ss) e “sangue”, devem ser entendidas no sentido existencial da vida de Jesus: Trata-se de um corpo esmagado no sofrimento, e um sangue derramado na cruz, por amar até o fim. Daí a importância da expressão “dado por vós”.

A 1° leitura fornece o fundo histórico para situar a Última Ceia como refeição pascal na vida de Jesus e nas raízes judaicas da liturgia cristã. A instituição da refeição do cordeiro pascal no antigo judaísmo, tem sentido salvífico, reconhecido por Israel: Libertação da escravidão

O salmo responsorial é um canto que os sacerdotes entoavam ao levantar o cálice da benção, e foi retomado por Jesus na última ceia. O canto de entrada, desde o início, marca o retido júbilo desta celebração, citando as palavras de Paulo aos Coríntios:

“ Convém, gloriarmos... na Cruz do
Senhor Jesus Cristo. ”

Mas para respirar plenamente o espírito desta liturgia convém considerar também as antífonas e responsórios do Lava-pés (In Hoc Cognoscent Omnes e Mandatum Novum), bem como a belíssima sequência da Comunhão (Ubicaritas et Amor). De todos esses cantos existem boas adaptações em nossa língua.

Esta liturgia deve fazer penetrar em nós, por seu rito e pela palavra que o explica, o sentido salvífico da Cruz de Cristo, aceitando o esvaziamento de Jesus por nós, e a seu modo de viver e morrer entrarmos na comunhão eterna com Ele e com o Pai (9).

Tenham cuidado para não cair numa veneração mistificada e mágica das espécies eucarísticas, pois a Eucaristia só se torna fecunda na medida em que for assimilada como “sacramento”, como sinal de uma vida em comunhão com Cristo. Sem a fé, que nos faz aceitar e imitar o “Servo” que dá sua vida por nós, as Santas Espécies não produzem o fruto que significam de per si (ex opere operato). Como hoje não se narra no evangelho a instituição da Eucaristia, este tema poderá ser contemplado na solenidade do SS. Sacramento.

Pe.João Azeredo

Quinta-Feira Santa (A/B/C) - Última Ceia - 1ª parte


ACEITAR E IMITAR A DOAÇÃO DO CRISTO


Terminada a Quaresma, com o Tríduo Sacro, inicia-se a celebração pascal, pois a morte e a ressurreição de Jesus constituem uma unidade.

Hoje, Quinta-feira Santa, celebramos um “adeus”. Uma despedida de alguém que vai para o Pai (Jo 13,1 Evangelho), e que ao mesmo tempo, deixa uma profunda nostalgia, por causa do modo como essa despedida acontecerá na noite seguinte. Daí, o espírito bem particular desta declaração:

Alegria até jubilosa – o Glória
(que não ressoará mais até a noite pascal).

Mas é uma alegria em tom menor, misturada com lágrimas. Uma alegria reticente, inibida. É a única liturgia do ano, em que se canta o Glória, sem que se cante o aleluia! Esta liturgia reflete bem o espírito de nossa fidelidade, diante dos últimos acontecimentos de Jesus. Sabemos que os Apóstolos, mesmo sentindo profunda dor na noite de traição e aflição, não sabiam que Jesus estava percorrendo o caminho até a glória, 

Essa dupla consciência de catástrofe e de glória é o núcleo dos capítulos que São João consagra à despedida de Jesus (João 13-17), e dos quais nós escutamos (Evangelho). Esta consciência ficou clara para os cristãos, depois da Páscoa, graças à obra do Espírito Santo. Por isso, a despedida de Jesus volta também a ser lida nos evangelhos depois da Páscoa, que em muitas pontas, se parecem com a celebração de hoje. Nós contemplamos hoje, o Servo Padecente, o homem com os olhos iluminados pela Páscoa. É esta a visão sobre Jesus que São João nos ensina.

Apresenta-se a nós o “exemplo” da doação da vida que Jesus mostrou aos Apóstolos no começo da Ceia, lavando-lhes os pés. Com isso, Ele deu a entender que é o servo, que se humilha, e carrega sobre si os pecados dos homens (tema da purificação - João 13,10). E quem não aceitar Jesus como o Servo que dá sua vida pelos seus irmãos, não tem parte na salvação que ele traz. Assumir na fé e na prática da vida o exemplo de Jesus (João 13,15), é o verdadeiro sentido da “comunhão”, que é participação na salvação efetivada por Jesus. Assim, a narração do lava-pés mostra por exemplo o que significam as palavras de Jesus repetidas na oração eucarística:

“ Isto é o meu corpo, dado por vós... Este é o cálice do meu sangue... que é derramado por vós e por todos, para o perdão dos pecados... ”

E explica também o sentido profundo do porquê chamarmos rito de “comunhão”, isto é, participação com Cristo.
Pe.João Azeredo

27 de mar. de 2013

SEXTA-FEIRA SANTA            
ADORAÇÃO
08H

Movimento Esperança
Legião de Maria
Apostolado de Oração

09H
Catequese

10H

Pastoral da Criança
Vicentinos
11H
Pastoral da Família

12H

Pastoral da Acolhida
PASCOM
Coroinhas

13H

Pastoral do Batismo
Ministros (MESC´s)

14H

Pastoral da Juventude
Ministério de Música
Pastoral do Crisma

24 de mar. de 2013

Domingo de Ramos (A/B/C) - 3ª parte


A MORTE DO JUSTO

Foi diante da morte do justo que o mundo se compungiu. Hoje, o relato da Paixão de Nosso Senhor, segundo Lucas (evangelho),  nos conta como os poderosos rivais, Herodes e Pilatos, tornam-se amigos às custas de Jesus, mandando-o de um lugar para o outro como objeto de diversão. Conta também como um dos malfeitores crucificados com Jesus escarnece pelo sofrimento do justo. Por outro lado, vemos Simão de Cirene ajudando Jesus a levar a cruz; As mulheres chorando o seu sofrimento; O bom ladrão solicitando a misericórdia de Jesus; O povão que se arrepende...

Qual é a nossa atitude diante do sofrimento do justo?
A de Herodes e Pilatos?
A das mulheres e do bom ladrão?

O oficial romano ao pé da cruz exclamou:
“Realmente, este homem era um justo!”

O que é ser justo, no sentido da Bíblia? Por que o justo sofre? A 1° e a 2° leitura no-lo dizem por obediência a Deus. Então, Deus manda sofrer? Não é isso horrível e cruel? Não. Ele não manda sofrer o justo, “seu filho”. Só manda amar. Amar até o fim. Mas quem ama, sofre! O justo que ama, sofre não por causa da paixão sentimental, mas porque ele não quer ser infiel ao amor que começou a demonstrar, e que se opõe à violência dos donos do nosso mundo! Nesta fidelidade, o justo pode expirar com Jesus, dizendo:

“Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito”. 

Ser justo é corresponder àquilo que Deus espera de nós, é colaborar com o plano de salvação. É fazer como o bispo Romero, e tantos outros, que deram a vida por aquilo que consideravam ser o desejo de Deus: 

O amor testemunhado aos mais pobres
dentre seus filhos.  

Diante da cruz do justo que morre, temos que optar pelo lado dos que dão sua vida para viver, e fazer viver o amor de Deus. Ou pelo lado dos que se dão as mãos para suprimir a justiça. Lado de quem carrega a cruz ou quem a impõe.
Pe João Azeredo

Domingo de Ramos (A/B/C) - 2ª parte


Lucas apresenta à narração de Marcos algumas feições características: na última ceia, Jesus se coloca como exemplo de serviço (22,24-25); Os discípulos enfrentarão a mesma hostilidade que Ele (35-38); Jesus aparece como modelo de homem justo e piedoso. E é reconhecido como tal, pelas mulheres ao longo do caminho (23,27), e sobretudo mostrando sua compaixão para com elas e para com seus filhos (23,28). Porém, é  na cruz que se manifestam em Jesus a graça e a bondade de Deus, como também seu perdão:

promete o paraíso ao “bom ladrão”
(Lucas 23,39-43)

Em vez do Salmo 22 (21), cujo início soa como desespero, Lucas coloca na boca de Cristo, morrendo na cruz, uma palavra de plena entrega de sua vida (23,46).

Também não faltam exortações para a vida cristã: Simão deve fortalecer seus irmãos na fé (22,21-32). Os discípulos, em Getsêmani, devem rezar para “não entrar na tentação” (22,40-46) (alusão ao perigo da apostasia, no tempo de Lucas).

Vale a pena reler a Paixão segundo Lucas tendo diante dos olhos as fórmulas do anúncio de Cristo pelos primeiros cristãos. Só alguns indícios: a acusação quanto à atividade de Jesus (23,5) é formulada conforme o querigma (cf. Atos 10,37ss). A morte de Jesus provoca arrependimento (23,48), como também acontecerá quando os apóstolos proclamarem o “querigma” (cf. Atos 2,37 3,19). Para Lucas, narrar a Paixão de Nosso Senhor não é obra de historiador acadêmico, mas evangelização. E provocar o confronto com o Filho de Deus hoje.

Pe.João Azeredo

Domingo de Ramos (A/B/C) - 1ª parte

“Jerusalém, Jerusalém" (C)

Como lema para o sentido lucano da Paixão de Jesus poderíamos escolher o texto de Lucas 13, 34-35: “Jerusalém, Jerusalém...” A vida de Jesus é uma grande subida a Jerusalém, e realização da visita escatológica de Deus a seu santuário (cf. Malaquias 3,1). Mas Jerusalém não reconhece a hora de sua visitação. Os pobres, a multidão dos discípulos, o reconhecem (19,37), mas os detentores do poder não o querem reconhecer, nem ouvir o testemunho dos pequenos (19,39-40). Por isso, Jerusalém será destruída, porque não reconheceu a hora de sua visitação (19,44); Seria adequado prolongar a leitura da entrada até o versículo 44.

A salvação que Jesus traz, torna-se na medida em que assimilamos, numa vida semelhante à Dele. O “caminho” de Jesus reassume o caminho de Israel (Lucas 9,31, a subida a Jerusalém é chamada de “êxodo”). Mas é, sobretudo, a abertura do caminho da Igreja e dos fiéis (Atos 9,2); A Igreja é chamada ao caminho. Jesus é o modelo do orante cristão (3,21; cf. 11,1-4). E agora, na hora decisiva da salvação, mais do que nunca, o comportamento de Jesus é o modelo que os cristãos devem imitar, seguindo seus passos. Se Jesus foi até Jerusalém e ao Gólgota, é daí que eles deverão partir, para que de Sião saia a salvação para o mundo inteiro (cf. Isaias 2,3).

Pe.João Azeredo

20 de mar. de 2013

Semana Santa
24
MAR



DOMINGO DE RAMOS – 08H
*  BENÇÃO DOS RAMOS E PROCISSÃO
( CONJUNTO COSTA E SILVA – C.S.U. )
* MISSA - MATRIZ



28 MAR




QUINTA-FEIRA SANTA – 19H
* MISSA LAVA PÉS – MATRIZ
* TRANSLADAÇÃO SANTÍSSIMO SACRAMENTO
* ADORAÇÃO





29 MAR


SEXTA-FEIRA SANTA – 15H
* CELEBRAÇÃO PAIXÃO DE CRISTO
( DIA DE JEJUM E ABSTINÊNCIA DE CARNE ANIMAL )
MATRIZ



30 MAR


SÁBADO SANTO - 19H
* MISSA DA VIGÍLIA PASCAL
BENÇÃO DO FOGO/ MATRIZ
 ( TRAGA VELA OU LANTERNA )


31 MAR



DOMINGO DE PÁSCOA – 09H
* MISSA DA RESSURREIÇÃO DO SENHOR -  MATRIZ





17 de mar. de 2013

5º Domingo da Quaresma (C) - 4ª parte


Deus perdoa, para dar ao pecador uma “plataforma” a partir da qual Ele possa iniciar uma vida nova. O perdão é do tamanho da grandeza de Deus, e só Ele chega para perdoar definitivamente. Por isso, para fazer jus ao perdão, não devemos desejá-lo levianamente. Devemos querer eficazmente mudar a nossa vida, ainda que saibamos que “Roma não foi construída num só dia”.

Devemos desejar não mais pecar, e para que este desejo seja eficaz, temos que escolher e utilizar os meios adequados. 

Quem peca por má índole, procure amigos que o tornem melhor.

Quem peca por fraqueza ou vício, evite as ocasiões de tentação. 

E quem peca por depender de uma estrutura ou laço que conduz à injustiça, procure transformar essa situação no nível pessoal e no da coletividade. 

Tratando-se de estruturas sociais injustas, o meio adequado de combater o pecado consiste em unir forças para lutar pela transformação política e social. Devemos transformar as estruturas de pecado fora e dentro de nós. Mas faremos tudo isso com mais empenho se estivermos convencidos de que Deus nos perdoa e joga longe de si o nosso pecado. Quando se trata de problemas pessoais (embora sempre com alguma dimensão social), a certeza de que Deus é maior que o pecado é um estímulo forte para acreditar numa renovação de vida – com a ajuda dos meios psicológicos adequados, pois a graça não suprime a natureza.

Pe.João Azeredo