Essa maravilha só é possível porque Maria não está cheia de si mesma, como os que confiam no seu dinheiro e seu status. Ela é serva, está a serviço - como costumam fazer os pobres - e por isso, sabe colaborar com as maravilhas de Deus. Sabe doar-se, entregar-se àquilo que é maior que sua própria pessoa. A grandeza do pobre é que ele se dispõe para ser servo do Senhor, superando todas as servidões humanas. Mas, para que seu serviço seja grande, tem que saber decidir a quem serve:
A Deus, ou aos que se arrogam injustamente
o poder sobre seus semelhantes.
Consciente de sua opção, o pobre realizará coisas que os ricos, presos na sua auto-suficiência, não realizam:
A radical doação aos outros, a simplicidade, a generosidade sem cálculo, a solidariedade, a criação de um homem novo para um mundo novo, um mundo de Deus.
A vida de Maria, a "serva", assemelha-se à do "servo" Jesus, "exaltado" por Deus por causa de sua fidelidade até a morte (Filipenses 2, 5-11). O amor torna as pessoas semelhantes.
Também na glória, realiza-se em Maria, desde o fim de sua vida na terra, o que Paulo descreve na 2° leitura:
A entrada aos que pertencem a Cristo na vida gloriosa do Pai, uma vez que o Filho venceu a morte.
Congratulando Maria, congratulam-nos a nós mesmos, a Igreja. Ela é mãe de Cristo e mãe da fé, e Mãe da Igreja. Na "mulher vestida de sol" (1° leitura) confundem-se os traços de Maria e da Igreja. Sua glorificação são as primícias da glória de seus filhos na fé.
No momento histórico que vivemos, a contemplação da "serva gloriosa" pode trazer uma luz preciosa. Que seria a "humilde serva" no século XXI, século da publicidade e do sensacionalismo? Sua história é baseada no serviço humilde, e glória escondida em Deus.
Não se assemelha a isso a Igreja dos pobres?
A exaltação de Maria é um sinal de esperança para os pobres. Sua história joga também uma luz sobre o papel da mulher, especialmente da mulher pobre e oprimida.
Maria é "Mãe da libertação".
Pe.João Azeredo