24 de fev. de 2013

2° Domingo da Quaresma (C) - 3ª parte


MUDANÇA RADICAL QUE TRANSPARECE EM CRISTO

Estamos na segunda etapa de nossa subida à festa pascal. A 1° leitura nos apresenta a fé com a qual Abraão recebe a promessa, e é considerado justo por Deus. Mas o tema que retém nossa atenção está no evangelho de hoje :

a visão da fé que descobre o
brilho divino no rosto de Jesus.


O evangelho de Lucas nos conta como Jesus - levando consigo Pedro, Tiago e João - foi orar no monte, e de repente ficou transfigurado diante de seus olhos. Apareceu-lhes envolto de glória, acompanhado por Moisés (a lei) e Elias (os profetas), que falavam com Ele sobre o seu “êxodo” em Jerusalém, onde iria enfrentar a condenação e a morte. No momento em que despontava o conflito mortal, Deus mostrou aos discípulos a face invisível de Jesus, seu aspecto glorioso.


Na 2° leitura, Paulo anuncia que Cristo nos há de transfigurar conforme a sua existência gloriosa. E todos nós somos chamados a sermos filhos de Deus. Nosso destino verdadeiro é a glória que Ele nos quer dar. Ora, para chegar lá, devemos – com Jesus – iniciar nosso “êxodo”, nossa caminhada da fé e de amor fraterno, comprometendo-se com a prática da transformação. Isso nos pode levar a galgar o calvário. O caminho é árduo, e as nossas forças parecem insuficientes. Às vezes parece que não existe perspectiva de mudança. Uma sociedade mais justa e mais fraterna parece sempre distante. Mas assim como os discípulos de Jesus, puderam entrever a glória no fim da caminhada, pela sua transfiguração no monte, assim nós sabemos que a caminhada da cruz é a caminhada da glória.


Antes de ser desfigurado no gólgota, o verdadeiro rosto de Cristo foi transfigurado. Ele revelou no monte Tabor o seu brilho divino.  Para a fé, os rostos dos nossos irmãos latino-americanos, explorados e pisoteados, brilham como rostos filhos de Deus. Apesar da desfiguração produzida pela miséria, desigualdade, exclusão, há brilho divino.


Se nós precisamos realizar uma mudança política, econômica e cultural, a mudança radical é a que Deus opera quando torna filho seu aquele que nem figura humana tem. A consciência disto, é que nos vai tornar irmãos mais empenhados em criar uma sociedade digna da glória de Deus, habitando em nós e em nossos irmãos excluídos. Na Campanha da Fraternidade descobriremos isso. Contemplando a glória de Cristo no rosto do irmão, procuraremos caminhos para pôr fim à deformação que nossa sociedade imprimiu a esse rosto. Não apenas pela opressão, como também por uma cultura da ilusão e da irresponsabilidade. Por isso, enfrentamos esta caminhada de modo bem concreto, assumindo o sofrimento dos nossos irmãos pisados e oprimidos, participando das lutas materiais, políticas, culturais, e comprovando assim e seriedade de nosso amor fraterno.

Pe.João Azeredo

2° Domingo da Quaresma (C) - 2ª parte

 
O que transparece na glorificação de Cristo não é apenas a sua própria Vitória em Jerusalém, mas o nosso destino final. Os apóstolos não entenderam isso e queriam construir no monte Tabor três tendas para permanecer com Jesus na sua glória. Ainda não sabiam que o caminho da ressurreição passava pela paixão (cf. Lucas 24,46). E também não sabiam que eles mesmos deveriam seguir este caminho até o fim, a fim de chegarem a vitória e a consumação na glória.


“Nossa pátria está no céu”, responde Paulo àqueles que se fixam em questões materiais, cujo deus é sua barriga (2° leitura)! Daí esperamos a nova vinda de Cristo, para com Ele sermos transfigurados na glória de seu corpo transformado. A linguagem de Paulo deixa transparecer uma polêmica com um conceito transviado da corporeidade. Não o corpo de nossa barriga ou vergonha, mas o corpo glorioso de Cristo, que com poder transforma o nosso: eis nosso destino e nossa honra.


Neste conjunto enquadra-se maravilhosamente o salmo responsorial: procurei a face do Senhor (cf. canto de entrada). Porém, só o olho puro pode contemplar Deus (cf. Mt 5,8 6,22-23). Que Deus purifique “nosso espiritual”, para que possamos contemplar sua glória (oração do dia). Este é o nosso grande pedido no momento em que somos convidados no meio do caminho, a contemplar a destinação gloriosa e retomar com renovado ânimo a caminhada.


Teilhard de Chardin, sacerdote e paleontólogo, pretendia dirigir nosso olhar para a plenificação do Universo em Cristo (cf. Col 1 ,15-20). Os teólogos da práxis política nos despertam para as utopias socioeconômicas, a nos dar uma perspectiva de esperança e razão de fé. Tudo isso pode ser útil, assim como Deus quis dar um sinal a Abraão, e por Jesus, uma intuição da glória a seus discípulos. Porém, não façamos disso nossas “três tendas”, pois são apenas visões a nos animar no caminho da fé que é esperança.

Pe.João Azeredo

2° Domingo da Quaresma (C) - 1ª parte

JESUS TRANSFIGURADO
PERSPECTIVA DA VITÓRIA


O caminho de Jesus e a antecipação de seu termo em Jerusalém, formam dentro da teologia de Lucas, o quadro de referência para a interpretação do evangelho de hoje. Jesus “em oração” (em Lucas, Ele é o modelo do orante), um pouco antes de tomar resolutamente o caminho de Jerusalém (Lucas 9,51),  tem uma entrevista com Moisés e Elias, precursores escatológicos, representantes da “Lei e dos Profetas” (cf. Malaquias 3,22-24). Eles falam com Ele sobre o “êxodo” que ele há de “cumprir” em Jerusalém (Jesus repete a história do povo - cf. domingo passado). Este “êxodo” é a passagem para sua glória, como insinua (“os dias de seu arrebatamento”). Jesus está para completar o seu êxodo, segundo a vontade do Pai. O Pai está presente na “nuvem” (como Deus no deserto). Com mais clareza do que nos sinais corriqueiros de Jesus, o Pai quer revelar aos discípulos que Ele é seu Filho amado a quem devemos obedecer. Isto é, de quem nós devemos tornar discípulos e seguidores. No seu caminho para a glória, caminho que passa pela cruz (Jerusalém), Jesus é mostrado na forma “consumada” e gloriosa, para que seus seguidores sejam confortados na fé e na confiança.


Deus dá sinais para que acreditemos. Contudo, estes sinais não são a plena visão, e se fossem já não precisaríamos acreditar. Assim fez Deus também com Abraão. Este tinha assumido sua caminhada na obediência da fé (Gênesis 12), mas não tinha descendência. Deus lhe jurou que lhe daria descendência, e Abraão acreditou o que lhe foi imputado como justiça (1° leitura). 

O sinal da promessa é um sacrifício, mas o “trabalho” não é nada fácil: os urubus estão aparentemente mais interessados nas carnes recortadas do que Deus; e Abraão, mesmo estando cansado, teve que esperar o por do sol e a escuridão, para ver Deus passar como um fogo devorador entre os pedaços da vítima. Neste momento, o Senhor faz aliança com Abraão.


Aliança e promessa no caminho.
Será necessário começar a caminhar,
para ter esta experiência?
 

Pe.João Azeredo

17 de fev. de 2013

1º Domingo da Quaresma (C) - 4ª parte


A renovação de nossa opção de fé não acontece na base de algum exercício piedoso ou cursinho teórico. Trata-se de uma luta, como foi a tentação de Jesus no deserto, ao longo de quarenta dias. A fé se confirma e se aprofunda em sucessivas decisões, como as de Jesus, quando resistia com firmeza e perspicácia às tentações mais sutis: riqueza, poder, sucesso.

Precisamos de treinamento em nossa opção por Deus. Antigamente, esse treinamento consistia no jejum, na mortificação corporal. Mas em nossa situação da America Latina, empobrecida e desigual, o treinamento da opção da fé se realiza sobretudo na sempre renovada opção pelos pobres e excluídos, no adestramento para a solidariedade cristã. A Campanha da Fraternidade nos treina para coloca-la em prática. Adestra-nos para enfrentar os demônios de hoje, a tentação da idolatria da riqueza, da dominação, da discriminação e da competição.

Exercitemos a nossa opção de fé, praticando-a na solidariedade fraterna, para com Jesus chegarmos à doação da própria vida, na hora da grande prova.

Quem não se exercitar, talvez não saberá resistir.

 Pe.João Azeredo

1º Domingo da Quaresma (C) - 3ª parte


TREINAMENTO DA FÉ

Devidamente desacelerados do carnaval, celebramos o 1° domingo da Quaresma. Aos mais velhos “Quaresma” lembra jejum e penitência. Mas Isaías diz que Deus não se alegra com uma cara abatida. Talvez devamos encarar a Quaresma sob outro ângulo:  

como treinamento da fé. 

Em que acreditamos, afinal? Por qual convicção colocamos a mão no fogo, resistimos a provações, empenhamos a nossa vida?

Na sua origem, a Quaresma era o tempo de preparação dos catecúmenos para receber o batismo na noite pascal. Neste sentido, a 1° leitura nos lembra o “credo” que o antigo israelita pronunciava na hora de oferecer os primeiros frutos de sua terra:

o povo foi salvo por Deus.

A 2° leitura lembra o credo do cristão (que o batizando com toda a comunidade pronunciava na noite pascal):

nossa salvação pela fé em Jesus Cristo.

O evangelho mostra este credo em ação. Jesus foi posto a prova e deu o exemplo de adoração exclusiva a Deus. O diabo lhe sugeriu que transformasse pedras em pão, dominasse o mundo, deslumbrasse o povo... Mas Jesus preferiu fazer de sua vida um grande ato de adoração. E o diabo o deixou até a hora da grande provação – a hora da paixão e morte.

A Quaresma é uma subida à Páscoa. Os israelitas subiam a Jerusalém para oferecer suas ofertas, e Jesus subiu para oferecer sua vida. Nossa subida à Páscoa está sob o signo da provação e comprovação de fé. Encaminhamo-nos para a grande renovação de nossa opção de fé. Se nos primeiros tempos de Igreja, a Quaresma era preparação para o batismo e profissão de fé, para nós é caminhada de aprofundamento e renovação de nossa fé.

Uma fé que não passa por nenhuma prova, e não vence nenhuma tentação, se torna acomodada e morta.
Pe.João Azeredo

1º Domingo da Quaresma (C) - 2ª parte

Jesus venceu o tentador no seu próprio terreno (o deserto). Terreno que moram serpentes e escorpiões, onde Deus pôs Israel a prova. Entretanto, Israel também tinha colocado Deus à prova (Salmo 95,9). Jesus não tentou Deus, mas venceu o tentador, pelo menos por enquanto. Pois a grande tentação ficou para “a hora determinada” (cf.Lucas 22,3 31 39).

Em Lucas, Jesus é o grande orante, o modelo do fiel. Ele professa a fé no único Deus como regra de sua vida e se alimenta com a palavra que sai da boca do Altíssimo. Nossa quaresma deve ser um estar com Ele no deserto, e dar a Deus o lugar central de nossa vida. Como Ele, com Ele e por Ele, dando-o lugar central, que damos a Deus também. Neste sentido, a quaresma é realmente “ser sepultado com Cristo”, para na noite pascal, com Ele ressuscitarmos.

Lucas traz as tentações em ordem diferente de Mateus (cf. ano A). Em Mateus, o auge é a tentação de adorar o demônio; Em Lucas, é o transporte para Jerusalém. Ora, todo o evangelho de Lucas é uma migração de Jesus para Jerusalém, e a tentação decisiva será na mesma cidade. Jesus resistirá a esse ataque decisivo.

Assim, as tentações prefiguram o caminho Dele. Por isso, é tão importante nos unirmos a Ele neste “tempo de quaresma”, como prova de fé e vida.

É isso que lembra a oração do dia:

Tornar nossa vida conforme à do Cristo. 

O salmo responsorial é o (Salmo 91-90), que inspirou o satanás para a terceira tentação, mas que também contém em si a resposta da ilimitada confiança em Deus.

Pe.João Azeredo

1° Domingo da Quaresma (C) - 1ª parte

JESUS RESISTE A TENTAÇÃO
Quaresma : quadragésimo dia antes da Páscoa.

Na Igreja das origens, era o tempo de preparação para o batismo na noite pascal. Aprendia-se o Credo. Por isso, a 1° (primeira) leitura de hoje cita o “Credo do israelita”. Ao oferecer as primícias da terra na primavera (março a maio, em Palestina), os israelitas se lembravam dos quarenta anos passados no deserto, sob a firme condução de Javé Deus - conclusão da peregrinação iniciada por Abraão nas origens do povo. Para ser liberto da escravidão, Israel atravessou o deserto durante quarenta anos, marcando o tempo de uma geração. Tudo isso, o israelita recordava anualmente ao oferecer suas primícias a Deus.

O cristão, ao apresentar-se diante de Deus, seja na comunidade reunida em assembléia, seja no silêncio de seu coração, recorda uma outra libertação: Jesus da morte para a glória (a passagem da morte para a vida). “Ele é o Senhor. Deus O ressuscitou dos mortos” (Romanos 8,10 - 2° leitura), para poder proclamar esta fé, na noite do “novo dia” (Páscoa). O cristão passa um “tempo de quarentena”, para sair completamente renovado.

Jesus também passou por esse “tempo” (evangelho).Reviveu toda a história do povo. Conheceu a tentação da fome (cf. Num 14), mas recordou o ensinamento de Deus:
“Não se vive só de pão” 
(Deuteronômio 8,3)

Conheceu a tentação do bezerro, ou seja, de adorar um falso deus, que fornecesse riqueza (cf. Ex 32); E respondeu com a palavra de Deus:
“Só a Deus adorarás”
 (Deuteronômio 6,13)

Conheceu a tentação mais refinada que se pode imaginar, a de manipular o poder de Deus para encurtar o caminho; Mas a experiência de Israel, resumida em Deuteronômio, lhe oferece novamente a resposta:

“Não tentarás o Senhor, teu Deus”
 (Deuteronômio 6,16) 

 Pe.João Azeredo

16 de fev. de 2013


Via-Sacra 19h
15/02
MATRIZ

18/02
MATRIZ

19/02
MATRIZ

22/02
RUA PRINCESA IMPERIAL / RUA CAPITÃO DULFES

25/02
VILA SÃO MIGUEL

26/02
VILA SÃO MIGUEL

01/03
ESTR. SÃO PEDRO DE ALCÂNTARA (PROX.PRINC.LEOPOLDINA)

04/03
RUA MELBOURNE / MONSARÁS / RUA TEN.CORONEL CUNHA

05/03
RUA TEMISTOCLES SÁVIO

08/03
RUA MAJOR PARENTES

11/03
RUA CARVALHO DE MELO

12/03
 RUA LIBERATO BITENCOURT

15/03
ESTRADA DA ÁGUA BRANCA (PROX.GLORIA ANDRADE)

18/03
CONJUNTO COSTA E SILVA

19/03
CONJUNTO COSTA E SILVA

22/03


25/03

26/03

27/03
RUA PRINCESA IMPERIAL / RUA DEMERARA

RUA IRARA

RUA ITAÓ

RUA PRINCESA LEOPOLDINA