JESUS RESISTE A TENTAÇÃO
Quaresma : quadragésimo dia antes
da Páscoa.
Na Igreja das origens, era o
tempo de preparação para o batismo na noite pascal. Aprendia-se o Credo. Por
isso, a 1° (primeira) leitura de hoje cita o “Credo do israelita”. Ao oferecer as
primícias da terra na primavera (março a maio, em Palestina), os israelitas se
lembravam dos quarenta anos passados no deserto, sob a firme condução de Javé
Deus - conclusão da peregrinação iniciada por Abraão nas origens do povo. Para
ser liberto da escravidão, Israel atravessou o deserto durante quarenta anos,
marcando o tempo de uma geração. Tudo isso, o israelita recordava
anualmente ao oferecer suas primícias a Deus.
O cristão, ao apresentar-se
diante de Deus, seja na comunidade reunida em assembléia, seja no silêncio de
seu coração, recorda uma outra libertação: Jesus da morte para a glória (a passagem da morte para a vida). “Ele é o
Senhor. Deus O ressuscitou dos mortos” (Romanos 8,10 - 2° leitura), para poder
proclamar esta fé, na noite do “novo dia” (Páscoa). O cristão passa um “tempo de
quarentena”, para sair completamente renovado.
Jesus também passou por esse “tempo” (evangelho).Reviveu toda a história do povo. Conheceu a
tentação da fome (cf. Num 14), mas recordou o ensinamento de Deus:
“Não se vive
só de pão”
(Deuteronômio 8,3)
Conheceu a tentação do bezerro, ou seja, de adorar
um falso deus, que fornecesse riqueza (cf. Ex 32); E respondeu com a palavra
de Deus:
“Só a Deus adorarás”
(Deuteronômio 6,13)
Conheceu a tentação mais refinada
que se pode imaginar, a de manipular o poder de Deus para encurtar o caminho; Mas a experiência de Israel, resumida em Deuteronômio, lhe oferece novamente a
resposta:
“Não tentarás o Senhor, teu Deus”
(Deuteronômio 6,16)
Pe.João Azeredo
Pe.João Azeredo