O que transparece na glorificação de Cristo não é apenas a sua própria Vitória em Jerusalém, mas o nosso destino final. Os apóstolos não entenderam isso e queriam construir no monte Tabor três tendas para permanecer com Jesus na sua glória. Ainda não sabiam que o caminho da ressurreição passava pela paixão (cf. Lucas 24,46). E também não sabiam que eles mesmos deveriam seguir este caminho até o fim, a fim de chegarem a vitória e a consumação na glória.
“Nossa pátria está no céu”,
responde Paulo àqueles que se fixam em questões materiais, cujo deus é sua
barriga (2° leitura)! Daí esperamos a nova vinda de
Cristo, para com Ele sermos transfigurados na glória de seu corpo
transformado. A linguagem de Paulo deixa transparecer uma polêmica com um
conceito transviado da corporeidade. Não o corpo de nossa barriga ou vergonha,
mas o corpo glorioso de Cristo, que com poder transforma o nosso: eis nosso
destino e nossa honra.
Neste conjunto enquadra-se
maravilhosamente o salmo responsorial: procurei a face do Senhor (cf.
canto de entrada). Porém, só o olho puro pode contemplar Deus (cf. Mt 5,8
6,22-23). Que Deus purifique “nosso espiritual”, para que possamos contemplar
sua glória (oração do dia). Este é o nosso grande pedido no momento em que somos
convidados no meio do caminho, a contemplar a destinação gloriosa e retomar
com renovado ânimo a caminhada.
Teilhard de Chardin, sacerdote e
paleontólogo, pretendia dirigir nosso olhar para a plenificação do Universo em
Cristo (cf. Col 1 ,15-20). Os teólogos da práxis política nos despertam para as
utopias socioeconômicas, a nos dar uma perspectiva de esperança e razão
de fé. Tudo isso pode ser útil, assim como Deus quis dar um sinal a Abraão, e por Jesus, uma intuição da glória a seus discípulos. Porém, não façamos disso nossas “três tendas”, pois são apenas visões a nos animar no caminho da fé que é
esperança.
Pe.João Azeredo