PENITÊNCIA: ABRIR ESPAÇO PARA DEUS
Matematicamente falando, a QUARESMA, tempo dos "quarenta dias", vai do 1º (primeiro) domingo quaresmal até a quarta-feira da SEMANA SANTA. O TRÍDUO SANTO já é contado com a Páscoa (cf.adiante). Entretanto, na Idade Média, os domingos foram descontados do tempo penitencial, cujo início foi então antecipado para a quarta feira de cinzas. Mesmo não pertencendo a tradição litúrgica mais antiga, as leituras são muito significativas e tem teor diferente das leituras de domingos quaresmais. Em domingos da quaresma se acentua a preparação para o batismo a ser administrado na noite pascal, e em cinzas, o tema central é a penitência.
A liturgia insiste na autenticidade da penitência (rasgar o coração, não apenas as vestes - 1ª leitura) e no caráter interior do jejum, juntamente com as outras "boas obras" : a esmola e a oração (evangelho). A 2ª Leitura (introduzida pela liturgia renovada) proclama o "tempo da reconciliação" com Deus, pregada por Paulo com vistas à iminência da Parusia.
O rito da imposição das cinzas, que à literalidade contradiz um pouco as palavras do evangelho, era antigamente acompanhado da macabra citação em Gênesis (3,19):
"És pó, e ao pó voltarás".
Hoje em dia, a fórmula alternativa "convertei-vos e crede no evangelho" combina melhor com o teor da liturgia. A "mortificação" é um meio para libertar-se de apegos e da vida superficial, mas não é um fim em si mesmo!
Pe.João Azeredo