O TERNO E GRATUITO AMOR DE DEUS POR NÓS
A liturgia de Sagrado Coração é bastante
transparente, orientada para a sensibilidade do povo. Também neste ano, a linha
global se descobre à primeira vista:
Deus quer ser o bom pastor, e o é em Jesus,
enviado para revelar seu terno amor para com todos.
A profundidade deste
amor é expresso na 2° leitura, quando Jesus revela a oferta do amor gratuito de Deus,
que agora conhecemos pelo Espírito Santo derramado em nossos corações (Romanos 5,5; SS. Trindade). Esse amor gratuito consiste no dom de seu filho, sem mérito
de nossa parte, “enquanto éramos ainda seus inimigos.”
Essa é a realidade que devemos sentir através da imagem do
pastor (1° leitura e Evangelho). Isso exige certa catequese, pois a imagem do
pastor já não pertence ao dia-a-dia da sociedade urbano-industrial. Para o
pastor, as ovelhas são sua vida, sua quase única riqueza, seu “meio de
produção”. Por isso, não quer que nenhuma se perca.
Amor
meus pondus meum (“Meu amor é o peso que me faz inclinar”), é o próprio Jesus:
“Onde está vosso tesouro, aí está também vosso coração.”
Para o pastor, as
ovelhas são seu tesouro. São para ele o que um pedaço de terra é para o colono, e a fábrica local para o operário. Tira a fábrica, a terra, o rebanho e o homem
fica sem sustento. Por isso, o pastor se apaixona por seu meio de produção, se este for seu e não alienado por outros.
O homem tem seus desejos, suas paixões, e é bom que
os tenha, porque são a mola propulsora de sua vida.
Ora, qual é o verdadeiro
objeto do desejo ?
O verdadeiro objeto da paixão de Deus são os
homens, seus filhos. Por eles, deixa todo o resto, por assim dizer. Então,
nós também devemos investir nossa paixão vital, não em ovinos e bovinos, terras
ou negócios, embora sirvam para sobreviver. Afinal quem não sobrevive não pode cantar
o louvor de Deus (cf. Salmos 115,17; 113,26). Homens de carne e osso, filhos
de Deus, são tesouros de amor eterno.
Pe.João Azeredo