7 de jun. de 2013

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS (C) - 1ª Parte

O TERNO E GRATUITO AMOR DE DEUS POR NÓS

A liturgia de Sagrado Coração é bastante transparente, orientada para a sensibilidade do povo. Também neste ano, a linha global se descobre à primeira vista:

Deus quer ser o bom pastor, e o é em Jesus, enviado para revelar seu terno amor para com todos.

A profundidade deste amor é expresso na 2° leitura, quando Jesus revela a oferta do amor gratuito de Deus, que agora conhecemos pelo Espírito Santo derramado em nossos corações (Romanos 5,5; SS. Trindade). Esse amor gratuito consiste no dom de seu filho, sem mérito de nossa parte, “enquanto éramos ainda seus inimigos.”

Essa é a realidade que devemos sentir através da imagem do pastor (1° leitura e Evangelho). Isso exige certa catequese, pois a imagem do pastor já não pertence ao dia-a-dia da sociedade urbano-industrial. Para o pastor, as ovelhas são sua vida, sua quase única riqueza, seu “meio de produção”. Por isso, não quer que nenhuma se perca.

Amor meus pondus meum (“Meu amor é o peso que me faz inclinar”), é o próprio Jesus: “Onde está vosso tesouro, aí está também vosso coração.”

Para o pastor, as ovelhas são seu tesouro. São para ele o que um pedaço de terra é para o colono, e a fábrica local para o operário. Tira a fábrica, a terra, o rebanho e o homem fica sem sustento. Por isso, o pastor se apaixona por seu meio de produção, se este for seu e não alienado por outros.

O homem tem seus desejos, suas paixões, e é bom que os tenha, porque são a mola propulsora de sua vida.

Ora, qual é o verdadeiro objeto do desejo ?

O verdadeiro objeto da paixão de Deus são os homens, seus filhos. Por eles, deixa todo o resto, por assim dizer. Então, nós também devemos investir nossa paixão vital, não em ovinos e bovinos, terras ou negócios, embora sirvam para sobreviver. Afinal quem não sobrevive não pode cantar o louvor de Deus (cf. Salmos 115,17; 113,26). Homens de carne e osso, filhos de Deus, são tesouros de amor eterno.
Pe.João Azeredo