A festa da natividade de João Batista assemelha se as festas na infância de Jesus. O espírito é "lucano":
Evoca a manifestação da graça e bondade de Deus.
O lema é a frase de Zacarias: "João é seu nome" (Evangelho).
Esta frase é uma mensagem da gratuidade e bondade
de Deus. O próprio nome Yohanan significa:
"Deus se mostrou misericordioso".
João é um dom gratuito de Deus.
Isto mostra-se de diversas maneiras: na idade avançada de seus pais; o fato de ninguém na família se chamar assim; o fato de Deus "soltar a língua" de Zacarias para que ele pudesse dizer que "João é seu nome";
Ora, quando se trata de Deus, "gratuidade", significa não ser condicionado por cálculos humanos. João, é a criança que encarna a gratuita bondade do Senhor, pertence completamente a Ele. É "profeta do Altíssimo" (Lucas 1,76). Seu modo de viver lembra Elias, o profeta que vivia no deserto, impelido pelo Espírito (cf.Lc 1,80). O anjo anuncia que João andará no espírito de Elias, o mais típico "homem de Deus" no antigo testamento (Lucas 1,17).
A pertença a Deus faz de João uma nova realização do Servo (1° leitura), um homem cuja palavra é como uma espada, incômoda para quem não quer saber de Deus em sua vida. A história de João prova isso. Hoje, 24 de Junho, demos graças a Deus por um "homem difícil". Pois são muitas vezes as pessoas difíceis que mais nos ajudam na vida. Suas palavras incômodas nos fazem ver com maior clareza nossa situação. Neste sentido, João é uma luz (Isaías 49,6) fala da luz as nações, embora ele não seja a luz definitiva, mas sim a testemunha dela (João 1,6-8; 5,33-35); Ou, já que falamos em termos figurativos, ele é como a lua que desaparece quando cresce a luz do sol (cf. João 3,30).
João é luz, ou testemunha da luz, sobretudo por ter apontado Cristo no meio da humanidade. O querigma apostólico, o anúncio de Cristo, começa com João (cf. Atos 10,37). Para isso, há uma razão teológica. João encarna Elias, que era esperado voltar antes da "visita" de Deus (Eclesiástico 28,10); Jesus identifica João com Elias (Cf. Marcos 9,11-13; Mateus 17,10-13; 11, 14; Lucas 7,26-27). Mas há também uma razão histórica. Jesus iniciou, sua pregação do Reino, em ambiente "pré-aquecido" pela pregação de João.
Isto contém uma profunda lição. Mesmo no ponto culminante de seu agir salvífico, Deus não despreza a preparação humana. Deus não dispensa "o maior dos profetas", embora o menor no reino dos céus seja maior do que ele (Lucas 7,28). João encarna, a plenitude do antigo testamento e de qualquer outra preparação para o Evangelho.
Pe.João Azeredo