A mesma mensagem proclama a segunda leitura (1Jo 3): Nossa atual santidade por sermos filhos de Deus, embora ainda não seja manifestado “o que seremos” (= a nossa glorificação). Portanto, quem é celebrado hoje é, em primeiro lugar os “filhos de Deus” neste mundo.
A isto se une a visão antecipada do autor do apocalipse sobre a plenitude dos que aderiram a Cristo, seguiram o Cordeiro (1ª leitura). É o número perfeito das tribos (12 X 12.000), os eleitos de Israel (o autor é judeu cristão) mas também um número inumerável de todas as nações (universalismo – mas ainda assim quem ensine que no céu só se tem 144.000 lugares...).
Ora, tanto na mensagem das bem aventuranças quanto na visão do apocalipse ganham um destaque especial os mártires, os que são perseguidos por causa do evangelho, os que lavaram suas vestes no Sangue do Cordeiro e vêm da grande tribulação. Testemunhar de cristo com seu sangue é a marca mais segura da Santidade. Mas com ou sem sangue, todos deverão fazer de sua vida um pertencer a Cristo para que possam ser chamados “santos”, isto é, consagrados a Deus “pelo batismo”.
As orações insistem muito na intercessão dos santos. É um aspecto deste dia, que atinge muito a sensibilidade popular. É preciso fazer aqui um delicado trabalho de interpretação. Confiar em alguém como intercessor supõe sentir-se solidário (familiar) com ele. Será que vivemos como familiares destes intercessores? Será que cabemos na sua companhia?
A Comunhão dos Santos
- Atualmente pouco de houve falar na “comunhão dos santos”. Todos os que pertencem a Cristo e seu reino instituem uma comunidade viva e real, a “comunhão dos santos”.
As bem aventuranças (evangelho) proclamam a chegada do Reino de Deus e, por isso, a boa ventura daqueles que “combinam com ele”. Assim, caracterizam a comunidade dos santos, os filhos do rênio e proclamando a sua felicidade e salvação. Jesus felicita os “pobres de Deus”, os que confiam cada vez mais em Deus do que na prepotência, os que produzem paz, os que vêm o mundo coma a clareza de um coração puro etc. Sobretudo os que sofrem por causa do reino, pois a sua recompensa é a comunhão no “céu”, isto é, em Deus. Dedicando sua vida à causa de Deus, eles “são dele”.É o que diz São João (2ª leitura): Já somos filho de Deus e nem imaginamos o que seremos! Mas uma coisa sabemos: seremos semelhantes a Ele, realizaremos a vocação de nossa criação (Gen1, 26). O amor de Deus tomará totalmente conta do nosso ser, ao ponto de nos tornar igual a Ele.
A santidade não é o destino de uns poucos, mas de uma imensa multidão (1ª leitura): Todos aqueles que, de alguma maneira, até sem o saber, aderiram e aderirão a causa de cristo e do reino: a comunhão ou comunidade dos santos.
- Ser santo significa ser de Deus. Não é preciso ser anjo para isso. Santidade não é angelismo. Significa um cristianismo libertado e esperançoso, acolhedor para com todos os que procuram Deus com um coração sincero (oração eucarística IV). Mas significa também um cristianismo exigente. Devemos viver mais expressamente a santidade de nossas comunidades (a nossa pertença a Deus e a Jesus), por uma prática de caridade digna dos Santos e por uma vida espiritual sólida e permanente.
Sobretudo: santidade não é beatice, não é medo de viver. É uma atitude dinâmica, uma busca de pertencer mais a Deus e assemelhar-se sempre mais a Cristo. Não exige disponibilidade para se deixar atrair por Cristo e entrar na solidariedade dos fiéis de todos os tempos santificados e unidos por ele.
As três leituras deste texto:
Primeira leitura: (Apoc. 7, 2-4. 9-14) “Uma grande multidão que ninguém podia contar”.
Segunda leitura: (1Jo 3, 1-3) “Já somos filhos de Deus e Ainda não é manifesto o que seremos”.
Evangelho: (Mt 5, 1-12a) “As bem aventuranças”.