A 1ª leitura tem função tipológica, indica o início da linhagem da qual Jesus é a plena realização, a linhagem dos reis dadívicos, “os ungidos” (cristos), executivos de Deus. Mas Jesus supera de longe o modelo dadívico, e seria um anacronismo conceber o reinado de Cristo em termos políticos, como um novo reino de Davi.
Convém refletir sobre o conceito do Reino de Cristo no sentido de reconciliação de Deus com o homem, neste tempo em que tão facilmente o reino de Cristo é confundido com uma grandeza mundana, tanto na ideologia integralista quanto na revolucionária e libertadora. O Reino de Cristo, na visão da liturgia de hoje, é o acontecer da vontade do Pai na reconciliação operada pelo sacrifício de sua vida, não de modo mecânico ou mágico, mas pela participação na fé. Em outros termos, a fé reconhece a morte de Cristo como um divino gesto de amor por nós e produz conversão e adesão a este mesmo amor, superando o ódio e a divisão. Assim, o reino n qual Cristo é investido por sua obediência até a morte, implanta-se também no mundo, mediante a fé dos que nele acreditam e seguem seu caminho.
Jesus Cristo, Rei do Universo
Para coroar o ano litúrgico, celebramos a solene encerramento, a festa de Cristo-Rei. Jesus é apresentado como Rei Nosso e do universo. Mas, o que significa chamar Jesus de “Rei”?
- Não temos em nosso meio, experiência próxima daquilo que é um Rei. Por isso convém prestar bem atenção à 1ª leitura, que narra a consagração de Davi como Rei de Israel. Davi não é apenas chefe do estado e tampouco um Rei considerado deus como os reis do Egito e da Babilônia. Ele é “filho de Deus”, chamado a exercer o reinado em obediência a Deus, o Único Senhor.