15 de dez. de 2012

3º Domingo Advento (C) - 1ª parte

ALEGRIA ! PROXIMIDADE DE DEUS

Quando a vinda está para realizar, e todos os sinais a se confirmarem, a esperança e a preparação se transformam em alegria e júbilo.Esse é o espírito do 3º Domingo do Advento.Neste ano (C), é lido o texto que deu seu nome ao presente Domingo:
 
"Gaudete"
 (Filipenses 4, 4-7; 2ª Leitura). 
 
O sentimento de viver na presença do Senhor deve produzir no cristão não apenas uma profunda alegria, mas também um novo tipo de relacionamento com seus irmãos, o epeikes, o bom grado-o cristão não apenas tem alegria, mas tem alegria para quem o encontra. Será verdade?

No evangelho, os que acolhem a pregação de João Batista lhe pedem normas de comportamento em vista da vinda do Messias.Essas normas se resumem em uma só palavra: ser gente.Estamos acostumados demais a estes textos para lhes descobrir novidade. O normal que se esperaria do profeta e asceta seria: exercícios de penitência, jejum e cilício.Não é nada disso.E sim, repartir aquilo que temos;Para fiscais de impostos, serem honestos;Para soldados, não molestar pessoas e contentar-se com seu soldo. SER GENTE, é a exigência quando o Reino de Deus acontece.

João Batista, sanciona essas orientações, proclamando o significado decisivo do que está acontecendo e explica o sentido verdadeiro de seu sinal (sacramento),o batismo. Trata-se de um sinal no espírito e no fogo:

No espírito, para os justos que serão impelidos pelo espírito de Deus, transformados em profetas (cf.Joel 3) e santos; No fogo, para os ímpios que queimarão como o refugo no fogo e da ceifa. Pois o "mais forte" já está com a pá na mão para limpar o grão no terreiro.

Sofonias, numa linguagem que se aproxima do Segundo Isaías, proclama promessas de salvação:

Javé revogou a sentença contra seu povo.Os povos felicitarão a "Filha (de) Sião", Jerusalém, o povo de Israel. Porque Javé se revela no meio dela como um herói vencedor (1ª leitura).

Os textos hoje mostram o duplo sentido que a presença de Deus toma em nossa vida, em nosso mundo.A proximidade do Santo não é necessariamente terrível e mortal para o homem impuro, como sugerem muitos textos do Antigo Testamento.Para quem se converte a Deus, sua proximidade é confirmação, força e razão de alegria. Quem dá a impressão de viver na presença de um Deus que oprime, mostra uma falha em si mesmo.Porém, quem se entregou a Ele e se sente bem, é uma alegria para seus irmãos.

Isso vale também para a Igreja. Não podemos duvidar de que Deus está com ela. Mas será que ela está com Deus? Quando é um peso para os homens (não por sua exigência de fidelidade e virtuosa caridade, mas por seu egoísmo grupal, mesquinhez ou sei lá o quê), ela mostra que a vinda do Senhor não a transformou.

A alegria de Deus só se torna polpável em nós, quando realmente O desejamos em nosso meio. Não será grande parte da "tristeza" do cristianismo, os cristãos não desejarem Deus como centro de sua vida, de sua comunidade e ou de sua "cidade"?

Reis cristãos exerceram atroz opressão em nome de Cristo, porque seus interesses não eram a boa-nova libertadora para os pobres (aclamação ao evangelho), mas a implantação do próprio poder. Era uma cristandade ambígua, sem desejo de Deus e portanto sem alegria em lhe servir. Se ouvimos hoje um apelo para nos libertar de nossos egoísmos pessoais e grupais (Filipenses 4,6), o Senhor será reconhecido como aquele que é forte em nós, em nosso meio, em nossa própria existência, e toda comunidade será o evangelho por excelência.


Pe.João Azeredo