28 de mar. de 2013

Quinta-Feira Santa (A/B/C) - Última Ceia - 1ª parte


ACEITAR E IMITAR A DOAÇÃO DO CRISTO


Terminada a Quaresma, com o Tríduo Sacro, inicia-se a celebração pascal, pois a morte e a ressurreição de Jesus constituem uma unidade.

Hoje, Quinta-feira Santa, celebramos um “adeus”. Uma despedida de alguém que vai para o Pai (Jo 13,1 Evangelho), e que ao mesmo tempo, deixa uma profunda nostalgia, por causa do modo como essa despedida acontecerá na noite seguinte. Daí, o espírito bem particular desta declaração:

Alegria até jubilosa – o Glória
(que não ressoará mais até a noite pascal).

Mas é uma alegria em tom menor, misturada com lágrimas. Uma alegria reticente, inibida. É a única liturgia do ano, em que se canta o Glória, sem que se cante o aleluia! Esta liturgia reflete bem o espírito de nossa fidelidade, diante dos últimos acontecimentos de Jesus. Sabemos que os Apóstolos, mesmo sentindo profunda dor na noite de traição e aflição, não sabiam que Jesus estava percorrendo o caminho até a glória, 

Essa dupla consciência de catástrofe e de glória é o núcleo dos capítulos que São João consagra à despedida de Jesus (João 13-17), e dos quais nós escutamos (Evangelho). Esta consciência ficou clara para os cristãos, depois da Páscoa, graças à obra do Espírito Santo. Por isso, a despedida de Jesus volta também a ser lida nos evangelhos depois da Páscoa, que em muitas pontas, se parecem com a celebração de hoje. Nós contemplamos hoje, o Servo Padecente, o homem com os olhos iluminados pela Páscoa. É esta a visão sobre Jesus que São João nos ensina.

Apresenta-se a nós o “exemplo” da doação da vida que Jesus mostrou aos Apóstolos no começo da Ceia, lavando-lhes os pés. Com isso, Ele deu a entender que é o servo, que se humilha, e carrega sobre si os pecados dos homens (tema da purificação - João 13,10). E quem não aceitar Jesus como o Servo que dá sua vida pelos seus irmãos, não tem parte na salvação que ele traz. Assumir na fé e na prática da vida o exemplo de Jesus (João 13,15), é o verdadeiro sentido da “comunhão”, que é participação na salvação efetivada por Jesus. Assim, a narração do lava-pés mostra por exemplo o que significam as palavras de Jesus repetidas na oração eucarística:

“ Isto é o meu corpo, dado por vós... Este é o cálice do meu sangue... que é derramado por vós e por todos, para o perdão dos pecados... ”

E explica também o sentido profundo do porquê chamarmos rito de “comunhão”, isto é, participação com Cristo.
Pe.João Azeredo