28 de mar. de 2013

Quinta-Feira Santa (A/B/C) - Última Ceia - 4ª parte


A CEIA PASCAL

Se a Última Ceia de Jesus foi a Ceia da Páscoa, como dizem os três primeiros evangelistas, por que a Igreja a celebra antes da Páscoa?

É que a páscoa judaica não cai no mesmo dia que a nossa. A páscoa judaica pode cair em qualquer dia da semana, conforme a posição da lua. Assim, na Quinta-feira Santa, Jesus consumiu com os discípulos a páscoa judaica (1° leitura). Nesta ocasião, instituiu a Ceia Eucarística, em memória de sua morte (2° leitura). E no início dessa refeição, lavou os pés de seus discípulos em sinal e exemplo do dom da própria vida (evangelho).

Aliás, o evangelista João nem menciona o momento da Eucaristia, porque a Eucaristia significa comunhão com Jesus, e esta comunhão se expressa maravilhosamente pelo gesto do lava-pés: 

Deixar-se lavar por Jesus, e aceitar que Ele seja nosso servo. Servo que não só lava nossos pés, mas dá sua vida por nós. Por isso, queremos servir aos nossos irmãos... O lava-pés é a Eucaristia na vida!

Segundo os primeiros evangelistas, a Última Ceia foi a ceia da páscoa judaica, que comemorava o êxodo dos hebreus do Egito, terra de escravidão. Jesus quis celebrar essa ceia, mas ao mesmo tempo a transformou, colocando-se livremente como escravos de seus irmãos! E fez disso sua “passagem” para junto de Deus! Ora, esta passagem de Jesus se manifesta na ressurreição. Para nós cristãos, manifesta-se no terceiro dia a partir de hoje, a data de nova Páscoa, em que celebramos a nossa libertação.

Hoje celebramos Jesus na imagem do cordeiro pascal do Antigo testamento, cujo sangue preservou os hebreus do castigo que Deus fez descer sobre os egípcios, para que deixassem ir os israelitas. Já não celebramos a páscoa na data judaica, pois Jesus transformou-lhe o sentido. Continuamos celebrando o nosso Cordeiro pascal, cujo sangue nos salva. Este, porém, não foi sacrificado como um animal sem inteligência, mas porque quis livremente servir-nos no amor até o fim.

Pe.João Azeredo