Na Igreja, escutamos um clamor pela “libertação” dos oprimidos dos discriminados, dos excluídos, dos iludidos... Esse clamor é um eco da missão que Deus confiou a Moisés. Mas ao mesmo tempo, vemos que muitos cristãos ficam insensíveis ao apelo da conversão, não voltam seu coração para Deus. E mesmo os que lutam pela libertação se deixam envolver pelo ativismo e pelo materialismo, a ponto de acabarem lutando apenas por mais bem-estar, esquecendo que o mais importante é o coração reto e fraterno. Essa é a raiz profunda, e a garantia indispensável da justiça.
Aliás, a Campanha da Fraternidade nos faz perceber a profunda interação de fatores pessoais e sócio-estruturais. Por isso é tão importante que nosso coração se deixe tocar no nível mais profundo, para ser sensível ao nível mais profundo do apelo de nossos irmãos.
Deus se revela a Moisés num fogo que não se consome (imagem de sua santidade) e que nos atrai, mas também exige de nós pureza de coração e eliminação do orgulho, ambição, inveja, exploração, intenções ambíguas, traições e todas estas coisas que mancham o que somos e o que fazemos. Sem corações convertidos, o Reino, o “regime de Deus” não pode vingar. Se o Senhor libertador nos convoca para a luta da libertação, Ele não nos dispensa de sempre voltarmos a purificar o nosso coração de tudo o que não condiz com a santidade e o seu amor infinito.
Pe.João Azeredo