17 de mar. de 2013

5º Domingo da Quaresma (C) - 2ª parte











Será, que nós crucificamos nossa autossuficiência, e nossas vontades de “nos recuperar”, em vez de nos perder nos braços do crucificado?

Quem já perdeu tudo tem maior facilidade para isso. O evangelho de hoje (um fragmento solto inserido no evangelho de João) nos apresenta uma pessoa que não tinha mais nada a perder, senão a vida, que já estava quase perdida.

Os “justos” já estavam com as pedras na mão para apedreja-la. Ela tinha sido apanhada em adultério! Ainda entre nós, e também na antiguidade judaica, o homem podia ter suas aventuras, e a mulher não.  Os “justos” pedem a opinião de Jesus, pois Ele tinha fama de liberal, e queriam apanhá-lo em contradição com a Lei. Jesus escreve algo na areia; A acusação e a sentença não sabemos. E responde: “Quem não tem culpa, lance a primeira pedra”. E volta a escrever na areia. Os "justos" vão embora, a começar pelos mais velhos. Espontaneamente, pensamos naquele anciãos em Daniel (13), que depois de ter acusado Suzana, tiveram de mostrar quanta hipocrisia e podridão, a velhice tinha acumulado neles.


“Mulher, ninguém te condenou?
Eu também não te condeno. Vai e não peques mais”.

O passado foi apagado, como as palavras na areia. Ela é nova criatura, e de pecadora tornou-se a que não peca mais. Se tivesse sido apedrejada, seria para sempre a pecadora apedrejada. Mas para isso, era preciso que seu pecado fosse apagado; E isso, só Deus o podia fazer.

Procuremos reconhecer em nós estas experiências em Israel de Paulo, da adúltera, de experiências em sermos estabelecidos em condições novas, como por exemplo em uma autêntica confissão (com restituição de injustiça cometida e todas as demais exigências). Notaremos que não fomos nós que nos libertamos, mas a graça de Deus, pelo sinal eficaz de Cristo. Mas essa renovação pode chegar também por outros caminhos. Por um convite de participar numa comunidade que nos coloque num novo ambiente, numa nova solidariedade. Há muitas maneiras para Deus realizar sua nova criação. Demos-lhe uma chance.
Pe.João Azeredo