28 de mar. de 2013

Quinta-Feira Santa (A/B/C) - Última Ceia - 2ª parte


A 2° leitura nos apresenta o mais antigo testemunho da celebração eucarística, transmitida pelo apóstolo Paulo:


O corpo e sangue de Jesus dado por nós (8).

As palavras “corpo” (ou “carne” cf. Jo 6,5ss) e “sangue”, devem ser entendidas no sentido existencial da vida de Jesus: Trata-se de um corpo esmagado no sofrimento, e um sangue derramado na cruz, por amar até o fim. Daí a importância da expressão “dado por vós”.

A 1° leitura fornece o fundo histórico para situar a Última Ceia como refeição pascal na vida de Jesus e nas raízes judaicas da liturgia cristã. A instituição da refeição do cordeiro pascal no antigo judaísmo, tem sentido salvífico, reconhecido por Israel: Libertação da escravidão

O salmo responsorial é um canto que os sacerdotes entoavam ao levantar o cálice da benção, e foi retomado por Jesus na última ceia. O canto de entrada, desde o início, marca o retido júbilo desta celebração, citando as palavras de Paulo aos Coríntios:

“ Convém, gloriarmos... na Cruz do
Senhor Jesus Cristo. ”

Mas para respirar plenamente o espírito desta liturgia convém considerar também as antífonas e responsórios do Lava-pés (In Hoc Cognoscent Omnes e Mandatum Novum), bem como a belíssima sequência da Comunhão (Ubicaritas et Amor). De todos esses cantos existem boas adaptações em nossa língua.

Esta liturgia deve fazer penetrar em nós, por seu rito e pela palavra que o explica, o sentido salvífico da Cruz de Cristo, aceitando o esvaziamento de Jesus por nós, e a seu modo de viver e morrer entrarmos na comunhão eterna com Ele e com o Pai (9).

Tenham cuidado para não cair numa veneração mistificada e mágica das espécies eucarísticas, pois a Eucaristia só se torna fecunda na medida em que for assimilada como “sacramento”, como sinal de uma vida em comunhão com Cristo. Sem a fé, que nos faz aceitar e imitar o “Servo” que dá sua vida por nós, as Santas Espécies não produzem o fruto que significam de per si (ex opere operato). Como hoje não se narra no evangelho a instituição da Eucaristia, este tema poderá ser contemplado na solenidade do SS. Sacramento.

Pe.João Azeredo