As mulheres constituem o elo entre o sepulcro vazio e as
aparições que revelam o sentido deste. Elas devem lembrar-se de que Jesus já
anunciou estes fatos durante seu ensinamento na Galiléia, e recordariam isso aos
discípulos (cf. Marcos 8,31 Lucas 9,22). O que ficará claro pelo ensinamento do
Ressuscitado, é o cumprimento das Escrituras na sua morte e ressurreição. Ele
mesmo já tentou mostrar (mas não conseguiu) aos discípulos qual era o caminho
que ele devia trilhar, o caminho do Servo Padecente, que será reerguido por Deus,
depois de ter sido obediente (isto é, unido ao Pai) até a morte e assumindo o
desamor dos homens. Este é o ensinamento que o anjo lembra às mulheres, e
estas aos discípulos. Mas não é o suficiente para que eles cheguem à compreensão
da fé.
Será que a mera narração dos fatos pascais, mesmo ilustrada
pelos argumentos do próprio Jesus históricos, é insuficiente para chegar à fé?
Pelo menos, no caso dos discípulos, com exceção de Pedro e das mulheres, foi.
Era preciso o próprio Cristo glorioso se manifestar a eles, para que
acreditassem e reconhecessem o plano de Deus. A fé na ressurreição é uma graça
do Cristo, uma eleição para sermos as testemunhas de que seu caminho é o
caminho da glória. Todos nós conhecemos pessoas ótimas, a quem a narração
destes fatos não diz nada. Isso não é nenhuma razão para nos afastar delas. Se
são pessoas de boa vontade, Deus se manifestará a elas por caminhos que nós não
conhecemos. Mas isso não nos dispensa de testemunhar que “o Filho do Homem
devia ser entregue nas mãos dos pecadores e ser crucificado e ressuscitar ao
terceiro dia.”
Pe.João Azeredo